50 Anos de Silicone

É difícil de confirmar, mas poucas pessoas no mundo podem se vangloriar de possuir naturalmente seios volumosos, firmes ou, como se ouve muito por aí: turbinados. Por isso, a mamoplastia de aumento (as populares plásticas para colocar silicone) virou uma espécie de “febre internacional”. Mas, desde que se tornou popular, em 1980, este tipo de intervenção cirúrgica mudou muito, a começar pelo tamanho. Se no início eram comuns implantes de 140 ml a 180 ml, hoje esta quantidade mais que dobrou, variando entre 300 ml a 350 ml. O que se transformou ainda foi sua qualidade, sendo assim, mesmo maiores, eles têm o aspecto natural e trazem mais conforto à mulheres e homens.

 

 

As plásticas têm sido cada vez mais realizadas. Segundo dados da Sociedade Internacional de Cirurgia Plástica Estética (ISAPS), a mamoplastia de aumento é a intervenção estética mais popular no mundo. Foram 1,7 milhão de casos em 2013, o que representou 15% de todos os procedimentos.

 

 

Já de acordo com dados da distribuidora de silicone Silimed Brasil, quando o assunto é o tamanho, as mulheres do Mato Grosso do Sul são as campeãs da Região Centro-Oeste: elas preferem os implantes de 330 ml. No Distrito Federal, os clientes turbinam os seios com próteses de 305 ml. As goianas e mato-grossenses, por sua vez, são um pouco mais modestas e optam, em geral, por  285 ml.

 

 

O tamanho, de acordo com o cirurgião plástico Paulo Renato de Paula, tem aumentado a cada dia. “A relação com os volumes são temporais. Comecei utilizando próteses com volume de 135 ml e a média veio aumentando progressivamente seguindo tendências americanas e europeias. Hoje utilizo volumes entre 180 a 435 ml, mas, com uma média geral entre 275 e 315 ml e acredito que a busca por volumes maiores ainda aumentará”, afirma.

 

 

Mas, apesar deste prognóstico, o médico alerta que, quando muito grandes, as próteses podem causar uma série de alterações às mamas. “Pode haver maior desconforto ou dor mais intensa pós-operatória, estiramento excessivo da pele acarretando riscos significativos de aparecimento de estrias, alteração da sensibilidade (para menos) das aréolas e mamilos, alargamento da cicatriz, artificialidade dos resultados”, alerta.

 

 

Ainda conforme o profissional, os tamanhos “GG” podem trazer também problemas ao corpo, tais como: lombalgia (dor nas costas), cervicalgia (hérnia de disco), dificuldade de realização de certos exercícios, dificuldade de dormir em determinadas posições. “Não existe regra única para a escolha dos implantes, cada paciente deve ser avaliada de forma única e exclusiva. Deverá ocorrer de forma harmoniosa entre o cirurgião e a paciente, respeitando os desejos da paciente, bem como os limites de seu corpo, das opções de implantes e das técnicas. Esta avaliação deve incluir vários fatores individuais e características de cada uma”, explica.

 

 

Esta análise, segundo Paulo Renato, deve levar em conta: o formato, tamanho e consistência das mamas, medidas do tórax, gravidez prévia e amamentação, presença de estrias ou flacidez, elasticidade das mamas e espessura do tecido mamário. “Após feito isto é preciso ouvir os desejos e expectativas das pacientes e fazer uma análise criteriosa das mamas. Aí escolhe-se o modelo, formato, envoltório, conteúdo,  onde colocar, a localização da prótese (retromuscular ou supramuscular), a projeção e o volume”, diz.

 

 

Várias opções

 

 

A prótese pode variar de R$ 1.500 a 2.300, o que depende da marca e suas características. À disposição dos interessados há uma enormidade de opções. Considerando o formato, há as anatômicas, redondas, cônicas; já levando em conta o revestimento existem as texturizadas, lisas ou de poliuretano (veja quadro com os tipos de próteses). Características como sua projeção, largura e altura trouxeram modelos mais seguros, duráveis e adaptáveis ao corpo do interessado e aos diferentes tipos de mama.

 

 

No entanto, esta evolução das próteses resulta de mais de 50 anos de estudos que se iniciaram na década de 1960. Nesta época, elas eram compostas de formato anatômico, lisas, preenchidas por gel viscoso e possuíam alto índice de contratura capsular. 

 

 

A maior segurança chegou nos anos de 1980, quando uma nova camada se uniu ao conjunto “envelope e preenchimento”. Sendo assim, uma barreira de difusão foi criada para evitar que o gel de silicone do interior da prótese extravase para seu o exterior.

 

 

Os modelos da década de 1990 são os que permanecem até hoje e têm como diferenciais o formato ainda mais anatômico e a forma estável de preenchimento, com menos ondulações e que são mais seguras e menos suscetíveis ao vazamento do conteúdo. Em 2008, surgiu o modelo cônico, que não se deforma com o passar do tempo.

 

 

Estas evoluções, conforme o médico Paulo Renato, além de mais qualidade e menores riscos, também ajudaram na durabilidade. Se antes se orientava a troca em torno de oito anos, este prazo alongou-se para até 15 anos, mas claro: isto também varia de pessoa para pessoa. “Cada caso deve ser avaliado de forma individual. Através de sinais e sintomas locais, exames específicos como o ultrassom e mamografia em pacientes acima de 35 anos e ou ressonância magnética das mamas, poderemos avaliar de forma mais precisa e segura a respeito da troca dessas próteses”, informa.

 

 

Feliz com resultado

 

 

A funcionária pública Lúcia Soares da Silva engorda a lista dos que passaram pela popular modificação estética. Sempre descontente com o “tamanho P” do seus seios, ela encontrou no silicone mais autoestima. “Coloquei 320 ml. Era um sonho fazer e fiquei muito feliz com o resultado”, conta.

 

 

O resultado satisfatório ela atribui à escolha de um bom profissional. “Escolhemos juntos o tamanho e a forma ideal. O acompanhamento médico anual também é muito importante para saber a hora ideal de trocar as próteses. Não existe prótese eterna, mas ela pode durar mais, se o interessado tiver como médico um bom especialista e seguir suas orientações”, aconselha.

 

 

Prótese atrapalha no diagnóstico de câncer de mama?

 

 

Muitas dúvidas passam pela cabeça de quem deseja colocar silicone. Talvez a mais importante seja: a prótese pode atrapalhar no diagnóstico ou tratamento do câncer de mama? De acordo com o cirurgião Paulo Renato de Paula, a resposta geralmente é não. Segundo o médico, por meio de manobras específicas durante exames, a qualidade cada dia maior dos aparelhos de diagnóstico e experiência dos profissionais pode-se fazer uma avaliação criteriosa da paciente.

 

 

Mas, há ressalvas: “Em raras situações, pode surgir um tumor muito próximo à prótese e ocorrer um retardo na visualização e diagnóstico deste tumor. Pacientes com história familiar direta, com o mãe ou irmã, de câncer de mama, por um cuidado a mais, sugere-se que a prótese seja colocada na região retromuscular (atrás do músculo) para não existir interferência da prótese e possíveis tumores”, aconselha.

 

 

Conheça os formatos mais usados de silicone

 

 

 

 

    • Redondo: as próteses redondas, que são as mais utilizadas, têm formato simétrico, Mas, mulheres com pele muito fina ao optar por próteses redondas com volume muito grande, podem ter o aspecto de “duas bolas duras e redondas”, o que é considerado bastante artificial.

 

 

 

 

 

    • Anatômico ou Gota: garante resultado bem natural, uma vez que imita o formato natural da mama, sendo ideal para mulheres com pouco tecido mamário e sem presença de ptose (queda) da mama. Por não serem simétricas, o risco de mau posicionamento é maior.

 

 

 

 

 

    • Cônico: é indicada para pacientes que têm tórax e ombros estreitos, porque é a que possui a menor base. Além disso, apresenta uma maior projeção da mama, sem aumentar o volume nas laterais e sem proporcionar o aspecto artificial arredondado causado pela prótese redonda.

 

 

 

 

 

    • Poliuretano: uma última novidade sobre próteses de mama é um novo revestimento, que, ao invés de ser feito de silicone, é feito de poliuretano. O gel no interior da prótese continua sendo o mesmo, de silicone coesivo, não líquido, porém o que mudou foi a membrana externa.

 

 

 

 

 

  • Implante texturizado: possui superfície com micro-rugosidades visando “quebrar” a formação da cápsula. Apresenta índices menores de contratura capsular do que as próteses de silicone lisas (2 a 3%). São as próteses de silicone mais utilizadas nas cirurgias de mama.

      Fonte: Rariana Pinheiro / DM

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