Demóstenes perde o mandato e só pode voltar à política em 2027.
O senador Demóstenes Torres (sem partido-GO) teve seu mandato cassado em votação secreta no plenário do Senado, nesta quarta-feira, por 56 votos a favor, 19 contra e cinco abstenções. Demóstenes é acusado de quebra de decoro parlamentar por suposto envolvimento com contraventor Carlinhos Cachoeira, a quem teria favorecido usando sua influência como parlamentar.
Com a perda do mandato, Demóstenes fica inelegível por oito anos contados a partir do fim do mandato para o qual havia sido eleito. Ou seja, só poderá concorrer a um cargo político em 2028, visto que seu mandato se encerraria em fevereiro de 2019 e não há eleições previstas para outubro de 2027, seguindo-se o calendário atual. Ele também perde o foro privilegiado.
sta é a segunda vez na história do Senado que ocorre uma cassação de mandato - a primeira foi a de Luiz Estevão (PMDB-DF), em junho de 2000.
Defesa na bancada
Demóstenes ocupou a bancada do Senado onde se defendeu por cerca de 30 minutos. Em seu discurso, destacou que as provas contra ele eram ilegais, que estaria sendo vítima de um pré-julgamento e pediu que tivesse um tratamento "igual ao que os demais senadores têm".
Caso Cachoeira
Acusado de comandar a exploração do jogo ilegal em Goiás, Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, foi preso na Operação Monte Carlo, da Polícia Federal, em 29 de fevereiro de 2012. Escutas telefônicas realizadas durante a investigação da PF apontaram contatos entre Cachoeira e o senador democrata Demóstenes Torres (GO).
Wilder de Moraes é o ex de Andressa, mulher de Cachoeira.
Primeiro Suplente
Wilder Pedro de Morais, de 44 anos, nascido em Taquaral, Goiás, é o primeiro suplente do senador cassado Demóstenes Torres. Empresário, é dono da construtora Orca, e declarou à Justiça Eleitoral bens no valor total de R$ 14.419.491,02, sendo R$ 2,2 milhões em espécie.
Wilder de Morais foi marido de Andressa Mendonça, com quem teve dois filhos. Ela é a atual mulher de Carlinhos Cachoeira, preso pela Polícia Federal na operação Monte Carlo e cuja ligação com Demóstenes motivou a cassação do mandato do senador. A crise conjugal de Wilder e Andressa foi o motivo inicialmente alegado por Demóstenes para justificar as mais de 300 ligações para Cachoeira. Segundo o então senador, ele tentava reatar o casamento de Wilder de Morais.
Wilder é filiado ao DEM, ex-partido de Demóstenes, e exerce o cargo de secretário de Infraestrutura na gestão de Marconi Perillo (PSDB) no governo de Goiás. Na função, Wilder de Morais dedica atenção aos setores de energia e de transporte. Em entrevista publicada no site da Secretaria de Infraestrutura de Goiás, afirmou que a pasta seria considerada pelo governador o “carro-chefe para desenvolver o estado”. Seu foco é a recuperação de rodovias e o aumento da capacidade dos aeroportos. Trabalhou também na solução para o problema financeiro da Companhia Energética de Goiás, a Celg, que contou com o apoio do governo federal.
O primeiro suplente de Demóstenes negou à imprensa ter sociedade com Cachoeira, que continua preso, acusado de chefiar uma organização que opera jogos ilegais, tráfico de influência e fraudes em licitações públicas.