Visita à Vinícola Pirineus.
Além de uma agenda repleta de mini-cursos de apreciação de vinho, séries de degustação e uma visita à vinícula Pireneus Vinhos e Vinhedos, a I Festa do Vinho de Pirenópolis - que ocorreu simultaneamente ao Festival Gastronômico e Cultural, de 9 a 12 de agosto, se deu o primor de lançar dois produtos exclusivamente produzidos em solo local: os vinhos Intrépido (uva Syrah, 2010) e Bandeiras (uva Barbera, 2010).
Fruto de um interesse que se iniciou ainda na década de 90, o médico Marcelo de Souza gradativamente passou de apreciador de vinhos para amante da bebida. Goianiense de nascimento, Marcelo encontrou no clima da Serra dos Pireneus o solo ideal para se tornar empreendedor do ramo, em 2008.
O resultado chega agora engarrafado em dois novos rótulos, produzidos na vinícula Pireneus Vinhos e Vinhedos. Da pequena produção-teste obtida em 2008, veio o sinal de que o potencial da região poderia gerar algo mais ambicioso. Culminou-se assim nos vinhos Intrépido e Bandeiras, apresentados com zelo de quem lança filhos ao mundo.
“Tivemos que aprender do zero e fugir completamente do conceito de enologia do Sul”, conta Marcelo de Souza, no evento de lançamento, realizado no Solar da Aldeia, iluminado à luz de castiçais. Focando as atenções inicialmente no Bandeiras (nome inspirado na história pirenopolina, desbravada por bandeirantes), Marcelo explica que a uva Barbera, tradicional da região de Piemonte (ITA), é conhecida por sua coloração intensa e robusta.
Marcante também pela acidez, no solo goiano a característica foi controlada com uma técnica de maceração mais longa (conhecida como maceração à frio), antes do processo de fermentação. Passaram em seguida seis meses pelas barricas, para não sobrecarregar o poder frutado da uva.
Mesmo com 15% de teor alcoólico, o Bandeiras não agride o paladar e seduz logo num primeiro contato. Tem uma identidade marcante e um impacto inicial que vai aos poucos se dirimindo em notas aromáticas sutis, que remetem à ameixa. Delicioso.
Apresentado em seguida, o Intrépido, das uvas Syrah, foi submetido ao processo de maceração antes e depois da fermentação. É suave e com notas aromáticas claras, tendo menos efeito adstringente que o Bandeiras. Teve a preferência manifestada de algumas pessoas, sobretudo mulheres, na roda de degustação em que estava. Mas admito, me cativou sobretudo o Bandeiras.
Somente os preços de venda, mesmo com todo o orgulho de se ter uma produção local de tamanha qualidade, é que evoca cautela. Vendidos inicialmente em restaurantes de Pirenópolis, Goiânia e Brasília, além de diretamente na vinícula, os vinhos tem preço estipulado de R$ 65 o Intrépido e R$ 70 o Bandeiras.